"E não maltrate muito a arruda, se lhe nçao cheira a rosas..."

terça-feira, 31 de maio de 2011

Da "A Insustentável leveza do ser"

"Atualmente, apagar a luz para fazer amor é tido como ridículo; ele sabe disso, e deixa uma pequena luz acesa em cima da cama. No entanto, no momento de penetrar Sabrina, fecha os olhos. A volúpia que o invade exige escuridão. Essa escuridão é pura, absoluta, sem imagens, nem visões, essa escuridão não tem fim nem fronteiras, essa escuridão é o infinito que cada um de nós traz em si. (Sim, se alguém procura o infinito, basta fechar os olhos!)
(KUNDERA, 1985, p. 100)

sábado, 28 de maio de 2011

Sabe de uma coisa

Sabe de uma coisa?
Eu sei de várias e posso dizer aqui uma delas.
Nada melhor que sentir nosso próprio sabor,
nossa alma indolor,
sentir-se incapaz de qualquer mal a  alguém.
Sentir prazer  no corte da faca,
a vida exatamente nesse instante.
E sabe o que a gente deve fazer com as coisas?
Tudo. Principalmente com aquelas:
"é cada coisa que a gente vê"!

Por Ana Paula Morais

Antes do Amanhecer e/ou Antes do Pôr-do-Sol?

Irei expor aqui algumas considerações a cerca destes dois romances paralelos e verdadeiros nas relações afetivas:

Antes do Amanhecer



Título original: (Before Sunrise)
Lançamento: 1995 (EUA)
Direção: Richard Linklater
Atores: Ethan Hawke, Julie Delpy, Andrea Eckert, Hanno Pöschl.
Duração: 105 min
Gênero: Romance
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/antes-do-amanhecer/

Antes do Pôr-do-Sol




Título original: (Before Sunset)
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Richard Linklater
Atores: Ethan Hawke, Julie Delpy, Diabolo, Louise Lemoine Torres.
Duração: 80 min
Gênero: Comédia Romântica
Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/antes-do-por-do-sol/



O pimeiro filme "Antes do Amanhecer" retrata uma viagem de trem em que duas pessoas se encontram: Jesse (Ethal Hawke) e Celine (Julie Delpy). Celine sai de seu assento motivada pela briga de um casal ao lado e vai sentar-se ao lado do jovem Jesse. Inicia-se aí uma longa história de descoberta e paixão. Jesse mora nos EUA está indo para Viena e Celine para Paris, porém, Jesse a convida para passear com ele em Viena e ela aceita. Já "Antes do Pôr-do-Sol" é o reencontro deste casal após 9 anos em Paris. Dentre conversas e sorrisos, percebe-se em vários momentos como relativizamos a organização e ordem dos acontecimentos. Seria acaso estarem porém naquele trem e terem sentido uma afinidade tão forte e intensa? Não importa. Os sentimentos podem surgir em qualquer momento inusitado ao até mesmo programado, basta atiçar e movimentar os sentidos. Jesse e Celine tentam se descobrir mesmo nas suas limitações de poder realizar o sentimento, poder continuar aquela, até então, breviedade dos fatos, que os estimula a viver, sugar e sentir o momento. Interessante perceber como, em poucas vezes, analisamos o sentido racional das relações e como é importante, muitas outras vezes, vivermos essa irracionalidade dos acontecimentos. E se eles tivessem se encontrado no dia 16 de dezembro? Certamente outro filme não teria sido pensado desta forma e certamente não teria instigado essas reações que agora detalho. A organização dos fatos pode alterar a maneira como estes sucedem, porém, estão baseados numa mesma excitação, num mesmo rol de imaginações... Pergunto-me se a partícula "se" não existisse, não falo como questão de gramática, mas falo com relação ao sentido que ela traz. Se realmente tivessemos que realizar as coisas sem sentimento de mudança em como o efeito seria se fosse com outra cor. E insistentemente, até involuntariamente, estamos equiparando relações, situações, pessoas, movimentos, ocasiões, como se procurássemos uma idealização pra o que de fato nos pareceria "correto". Engano. Paixão. Temor. Entrega. Essas palavras podem definir estes dois filmes que se complementam. De maneira alguma, a proposta aqui foi relatar ou resumir a história, e sim, trazer questionamentos para que, a curiosidade também incite a quem aqui  provou desta leitura. E quanto ao final do Antes do Pôr-do-Sol... A minha vontade foi de amar. 
Assistam, queridos! E vivam suas vidas!
Por Ana Paula Morais.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

aluga-se um papel

Para arder essas letras que me saem e eu seguir sem ensaio ao redor. É o mundo que parece me levar para escrever meus olhos e meu coração, mas não há papel, nem tinta... Escrevo os sonhos no meu corpo e deixo tatuado os seus sons. De que me servirá o papel?
Dívida de aluguel. 

Por Ana Paula Morais
"Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série inumerável de mulheres), mas pelo desejo de sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)."
(KUNDERA, 1985, p.21)