Deus me fez um cara fraco
desdentado e feio
Pele e osso, simplesmente
Quase sem recheio
Mas se alguém me desafia
E bota a mãe no meio
Eu dou porrada a três por quatro
E nem me despenteio
Porque eu já tô de saco cheio.
Eu sou prazer em todo meu ser. Sinto gotejar salivas em cada canto escondido na derme. E eu não sei negar tal condição, se é essa condição que me deixa viva todos os dias. As vontades diárias são de gozos e fortunas de amor e criação. Quero mãos a me percorrer, sentidos a me guiar e um corpo para repousar. Há quem diga que o diabo é o pai dos desejos, se acaso verdadeiro isso for, sou o diabo de mim, de minhas vontades, do meu amor. Sinto cócegas constantes e arrepios salivantes em meu cantar. Sinto a vulva a salpicar elásticos macios e divinos do ser. E que vergonha haverei de ter se instintivamente somos carne e confusão, vontades e coração? Vergonha eu teria se preciso fosse conter toda essa gritaria que acanho na nudez, calar todo sentido que em mim elevo a ti. Felizes mais seríamos se cada um fizesse de suas vergonhas mais contidas, dois corpos alargados e ludibriados ficarem vivos e mortos, em lâminas viscosas de posições variadas.