"E não maltrate muito a arruda, se lhe nçao cheira a rosas..."

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Oxente, que exame é esse?

Assim que eu entro na sala toda na cor branca, a moça pede que eu sente na cadeira. A cadeira é aquelas que a gente senta pra tirar sangue, sabe? Ela pede pra eu tirar o casaco. Não entendi muito bem, já que era só eu “vastar” a manga que ela tirava meu sangue, mas obedeci. A moça vem para o meu lado esquerdo e amarra um laço azul acima do meu cotovelo.
- Vou deixar esse laço aí 5 minutos, tá?
- Ok. – Respondo mesmo sem entender.

Pensei: “deve ser porque prendendo a circulação de um lado do braço, vai mais sangue pro outro braço, né?”. Enquanto isso, a moça tira sangue do meu braço direito. Ela é rápida e eu nem senti a picada. Com os minutos passando começo a ficar agoniada com o braço já ficando vermelho de sangue.
- Ô moça, pra que é que esse laço tá aqui? – pergunto, curiosa.
- É o exame do laço. É pra saber como é sua coagulação.
- Ahh... Oxente! E como é o resultado disso?
- Se seu braço ficar cheio de patoca branquinha é porque você tem algum problema com as plaquetas ou no sangue, se não, é porque tá normal... - Explica a moça calmamente.
- Hummmm... Interessante!

A moça mais uma vez se aproxima de mim com uma agulhinha pequena e vai em direção a minha orelha.
- Oxente, moça! Tu vai furar minha orelha também é?
- É só um furinho!
- E pra quê?
- Pra saber como é a sua coagulação. A cada 15 segundos eu limpo o sangue...
- Armaria, que exame mais chei de coisa... – falo rindo e a moça ri comigo.

Depois que ela soltou o laço do meu braço, ela ainda continua secando minha orelha com um lencinho. O exame terminou e vou embora lembrando do bendito laço.


Nunca pensei que pra arrancar um dente precisasse de tanta coisa...

Por Ana Paula Morais.


Novo mesmo é o meu marido!

Eram duas senhoras ao meu lado. Uma aparentemente com 50 e poucos anos, muito simpática e conversadeira. "Desculpa se eu converso muito viu, moça? É que só assim o tempo passa mais rápido". Mas não é que eu desgostei do jeito dela. O fato é que às 6 horas da manhã, o cérebro ainda está metade na sua cama e a outra metade ainda acordando. A outra senhora era mais quieta. Parecia ter uns 60 e poucos anos. E as duas puseram a conversar.

- É a primeira vez que a senhora vem nesse médico, né? - pergunta uma delas retomando a conversa sobre o nome do médico.
- É sim. Por isso que eu não sei o nome dele. Vou saber hoje quando eu for, né? 
- É sim. Oia, meu marido também tem problema de cabeça, visse? De vez em quando ele fica esquecendo as coisas, mei cansado...
- E é, né? Apois eu tô desse jeitinho. Esquecendo as coisas, às vezes nem sei onde eu tô... - diz balançando a cabeça com uma certa tristeza com tal afirmação.

A outra senhora ouve tudo muito atenta e se sensibiliza com o desgosto da "amiga" em andar meio esquecida.

- É, mas meu marido é novo. Tem só 87 anos... 

A outra olha assustada e repete com a boca cheia:
- E eu tenho 67!

Nessa hora, tive que conter o momento vergonha alheia.

Por Ana Paula Morais

Imagem retirada do site: www.otempo.com.br